sábado, 28 de fevereiro de 2015

ESCÂNDALO HSBC - O Brasil precisa apurar!


Desde meados de fevereiro tem circulado na imprensa mundial o vazamento de uma vasta documentação revelando que a filial do HSBC na Suíça foi cúmplice de uma série de crimes financeiros. As informações foram vazadas por Hervé Falciani, ex funcionário do próprio banco, que acusou o HSBC de criar um sistema de auto enriquecimento através da evasão de divisas e lavagem de dinheiro, tudo à custa da sociedade. Os dados estão de posse do Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo - ICIJ (International Consortium of Investigative Journalism). A operação foi batizada de “Swissleaks”.
Trata-se do maior vazamento de dados bancários da história, algo em torno de US$ 120 bilhões – o equivalente a 340 bilhões de reais na taxa atual de câmbio, correspondendo ao período de 2005 a 2007, envolvendo 106 mil clientes de 203 países, que tinham depositado nas contas secretas do HSBC suíço.
Mas a prática criminosa do HSBC parece não estar restrita a sua filial suíça. Segundo o jornal britânico “The Guardian”, o próprio presidente-executivo do HSBC, Stuart Gulliver, que veio recentemente a público prometer “reformar o banco”, escondeu milhões de libras em uma conta na Suíça por meio de uma empresa no Panamá. Ou seja, uma farra financeira que envolve, além dos clientes de má procedência, os próprios executivos do HSBC. Pratica esta que certamente tem contribuídos para engordar os lucros do bancos, que em 2014 foram em torno de 13 bilhões de libras.
O Brasil é o quarto país em número de clientes que constam nos documentos vazados pela ICIJ, com 8.667 potenciais sonegadores, que somam um montante de aproximadamente 8 bilhões de dólares - quase 20 bilhões de reais. Os nomes dos brasileiros ainda não foram amplamente divulgados. Apenas o jornalista do UOL, um dos brasileiros vinculados ao ICJI, recebeu a lista, que teria sido encaminhada à Receita Federal para averiguação.
Fernando Rodrigues divulgou apenas 11 pessoas da lista de brasileiros até agora, segundo ele ligadas ou citadas de alguma forma no escândalo da Operação Lava. Entre os nomes divulgados por Rodrigues estão o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, delator na Operação Lava Jato e que já havia revelado ter mantido valores no HSBC, oito integrantes da família Queiroz Galvão, o empresário Júlio Faerman (ex-representante da holandesa SBM) e o doleiro Henrique Raul Srour.
Outros nomes como o de Robson Tuma fariam parte da lista - segundo o jornalista Luis Nassif o endereço do ex-deputado ((Avenida Cauaxi 189, ap 203, Alphaville, Barueri) aparece na lista do HSBC. Ou do banqueiro Edmond Safra, do Banco Safra, e a família Steinbruch, dono da Vicunha e da CSN, segundo o jornalista Miguel do Rosário. “O Banco Safra foi o banco usado pela Globo para comprar os dólares que enviaria às Ilhas Virgens Britânicas, quando se envolveu naquela “engenhosa operação” para adquirir os direitos de transmissão da Copa de 2002 sem pagar os devidos impostos”, afirma o jornalista.
Mas apesar da grande dimensão do escândalo, e do fato do Brasil ocupar o quarto lugar na lista de potenciais sonegadores, há hoje em nosso país um silêncio sepulcral da grande mídia sobre o assunto, assim como dos líderes da oposição de direita e do próprio governo. Talvez porque muitos dos seus façam parte da lista, além do fato óbvio de que não há por parte destes segmentos muita disposição em enfrentar os ricos e poderosos, suspeitos de estarem envolvidos até o pescoço no maior escândalo financeiro que se tem conhecimento.
Até agora, só o que temos de concreto são declarações de intenções dos órgãos do governo brasileiro de que os documentos serão analisados, mas numa morosidade que beira a paralisia. A Receita Federal, por exemplo, divulgou uma nota de esclarecimento, afirmando que estava investigando o caso, apenas três meses após ter recebido a lista das mãos do jornalista Fernando Rodrigues, da UOL - único jornalista brasileiro membro da ICIJ que recebeu os dados do vazamento.
A sociedade brasileira precisa pressionar o governo e o parlamento para que a apuração deste escândalo se dê de forma imediata, com a divulgação pública dos nomes comprovadamente envolvidos nos crimes financeiros de sonegação e evasão fiscal. Da mesma forma, a mídia deve colocar em prática seu discurso em defesa do direito à informação, com a divulgação do fato e da lista de brasileiros com contas secretas na suíça. Uma informação que, aliás, já deveria ter sido solicitada oficialmente pelo governo Brasileiro, por envolver questões de interesse nacional.
É um absurdo que os partidos da base do governo e da oposição de direita, com o evidente apoio da grande mídia, falem em “ajustar as contas públicas” por meio de corte de gastos sociais e redução de direitos trabalhistas enquanto os mais ricos que sonegam impostos e guardam suas fortunas em paraísos fiscais permanecem impunes.
A economia de R$ 18 bilhões anunciado pelo Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por meio da restrição de direitos como o seguro desemprego, seguro defeso, pensão pós-morte e auxílio doença, representa menos do que o montante de 20 bilhões de reais guardadas por brasileiros nas contas secretas do HSBC suíço. Isso num quadro em que o governo e seu ministro da fazendo não tem qualquer disposição para adotar medidas redistributivas fundamentais, como é o caso da Reforma Tributária de caráter progressivo e a taxação das grandes fortunas.
Em contra partida, nos últimos dois anos, o governo federal deixou de receber, a título de renúncia fiscal, R$ 200 bilhões de reais devido às isenções concedidas ao setor empresarial, que foram beneficiados pela redução de alíquotas, isenção de IPI e desonerações.
Exigimos a apuração imediata do escândalo do HSBC, com a adoção de todas as medidas legais cabíveis para garantir a punição dos sonegadores e o ressarcimento dos recursos aos cofres públicos.
Muito obrigado.
Ivan Valente
Deputado Federal PSOL-SP.
Brasília, 25 de fevereiro de 2015.
(Pronunciamento)

O DIA QUE DUROU 21 ANOS


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

10 anos sem Dorothy Stang



10 anos sem Dorothy Stang e sua luta pela melhoria e dignidade das regiões rurais do nosso país. Dos 5 assassinos, só um está na cadeia. A impunidade é a sementeira desse tipo de crime. Nos últimos 28 anos, houve 400 homicídios no campo, apenas na Região Norte. Somente 21 tiveram seu julgamento realizado. É a continuidade do Brasil do coronelismo urbano no poder e da matança dos anônimos que buscam dignidade, no interior.
Que seu exemplo permaneça em nossa memória.

Chico Alencar 

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O HSBC e o futuro


Vladimir Safatle
Quando você sai de um avião e entra no "finger" de quase todos os aeroporto do mundo, normalmente a primeira coisa que vê são frases edificantes sobre as oportunidades do futuro, a sinergia produzida pelos criativos e empreendedores, a necessidade de estar preparado para novos desafios e toda essas frases feitas vindas de manual de autoajuda de administradores de empresas à procura de uma "recolocação". As frases são uma contribuição desinteressada das campanhas publicitárias do banco HSBC para um mundo melhor.
Bem, enquanto um dos maiores bancos do mundo gastava uma pequena fortuna para criar a imagem de uma corporação preocupada com algo mais do que seus próprios interesses, sua filial suíça ajudava toda a escória do rentismo mundial a burlar impostos, operar fraudes fiscais por meio da abertura de empresas "offshores", lavar dinheiro de tráfico de armas e drogas e de desvios de verbas públicas feitos por ditadores, déspotas e seus asseclas, além de outras formas singelas de crimes.
Só entre 9 de novembro de 2006 e 31 de março de 2007, 180,6 bilhões de euros circularam por cem clientes de sua filial em Genebra e por 20 empresas offshore.
Desta forma, o sistema financeiro mundial mostra como é composto de corporações especializadas em destruir toda perspectiva de futuro, isto ao viabilizar crimes os mais variados possíveis e fornecer proteção mafiosa àqueles que acumulam fortunas, muitas vezes de forma criminosa.
Enquanto isso, seus países não têm mais dinheiro para subvencionar saúde decente e educação pública de qualidade para seus cidadãos.
Enquanto você paga impostos em cima de partes substantivas de sua renda sob uma fiscalização implacável, o pessoal do topo conta com o auxílio inestimável de corporações como o HSBC para defender seu dinheiro, venha ele de onde vier.
Um dos capítulos mais interessantes dessa história se passa, para variar, aqui mesmo. O Brasil aparece como o nono país em número de clientes envolvidos em tais operações. No entanto, nenhum nome de brasileiro foi divulgado.
Sabemos de nomes dos mais variados: do rei do Marrocos ao ator John Malkovich; do primo do presidente sírio Bashar Al-Assad ao dono de salões de beleza Jacques Dessange.
Porém, dos 8.667 clientes com vínculos com o Brasil, sendo 55% de nacionalidade pátria, não se sabe, por enquanto, absolutamente nada.
Como sempre, o Brasil é especialista em blindar os negócios escusos de sua classe de sonegadores e em defender seus rendimentos.
Mas as peças publicitárias do HSBC continuam sorrindo para nós em todos os grandes aeroportos do país.
Artigo publicado terça-feira (10/02/2015), na Folha de São Paulo: Vladimir Safatle: http://www1.folha.uol.com.br/…/207643-o-hsbc-e-o-futuro.sht…

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Braskem desiste de projeto no Comperj

Visão aérea das obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras
SÃO PAULO - A petroquímica Braskem concluiu estudos sobre a adição de capacidade produtiva no Rio de Janeiro e decidiu pela expansão de sua produção no município de Duque de Caxias, desistindo por ora do projeto no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
O projeto da Braskem no Comperj previa a construção de uma unidade petroquímica na cidade de Itaboraí, mesmo local onde a Petrobras constrói uma refinaria de petróleo.
Porém, uma decisão vinha sendo adiada pela Braskem, cuja ideia era utilizar o gás do pré-sal como matéria-prima para alimentar o complexo petroquímico.
Segundo o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, a companhia identificou que haveria maior taxa de retorno ampliando a produção do parque atual em Duque de Caxias do que se a companhia iniciasse uma nova unidade do zero.
"Havendo matéria-prima, o melhor uso é primeiro aproveitando o parque industrial existente em Duque de Caxias, antigamente chamado Rio Pol, e somente depois disso faria sentido avançar em um projeto 'greenfield' em Itaboraí", afirmou.
A Petrobras anunciou no final de janeiro que passou a revisar o cronograma de construção do Comperj e da Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, como um dos efeitos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Segundo a Braskem, o avanço dos planos da companhia para ampliar as instalações em Duque de Caxias dependerá da viabilização de um contrato de longo prazo para o fornecimento de matéria-prima pela petroleira.
"Não é que ele (projeto do Comperj) não existe mais. Em algum lugar os estudos estão arquivados. Talvez num futuro faça sentido econômico, mas nosso empenho é mais para crescimento de capacidade em Duque de Caxias." A Braskem possui na cidade uma unidade de petroquímicos básicos e outra de produção de resinas termoplásticas.
A companhia não chegou a fazer investimentos relevantes no Comperj. Até o momento, havia apenas estudos de engenharia e diálogos com Petrobras e governos. Procurada, a Petrobras ainda não se pronunciou sobre o assunto.
CONTRATO DE NAFTA 
A Braskem também informou nesta quinta-feira, após divulgar seu resultado do quarto trimestre, que está em conversas com a nova administração da Petrobras para um terceiro aditivo ao contrato de fornecimento de nafta para a petroquímica.
"Parece mais factível a gente trabalhar uma solução (para o contrato de nafta) que dê tempo a essa equipe para se familiarizar com o assunto. Já fizemos dois aditivos de seis meses e essa seria uma meta realista e possível", disse Fadigas a jornalistas, acrescentando que considera como baixa a probabilidade da empresa alcançar uma solução de longo prazo para o impasse com a estatal.
Fadigas acrescentou que a Braskem tem demandas para melhorar o aditivo do contrato, mas que o "tempo não está a nosso favor", indicando que o preço do nafta deve ser mantido em aberto. "Está longe de ser o ideal (...), mas entendemos que dos males o menor", acrescentou o executivo.
O contrato atual de fornecimento de nafta vence no final deste mês.
A Petrobras tem usado o nafta de suas refinarias na produção de gasolina, motivo pelo qual passou a importar o insumo para atender a Braskem, tentando repassar o custo à petroquímica.
A Braskem tem contestado a postura da estatal e Fadigas afirmou manter a posição, já que considera que os custos de importação "não são pertinentes à indústria química", que não teria condição de absorvê-los.
Atualmente, a Braskem importa 30 por cento das necessidades de nafta e, segundo Fadigas, não seria economicamente viável nem razoável para a indústria elevar esse patamar. "O setor não foi construído para operar com matéria-prima importada", disse.
CENÁRIO PARA 2015 
Para 2015, a Braskem espera uma demanda por resinas neutra no mercado interno, em linha com as atuais projeções para o Produto Interno Brasileiro (PIB) e após ter previsto demanda estável em 2014 e observado um recuo de 1 por cento no mercado ante o ano anterior.
Em termos de petroquímicos, a Braskem disse ver o mercado equilibrado pelo menos até 2017, com bons spreads internacionais e boa demanda.
Sobre a crise hídrica, Fadigas afirmou que a Braskem está acompanhando o quadro de restrição de água, mas que não espera um impacto relevante na empresa por conta de investimentos feitos em reaproveitamento.
No caso de um racionamento de energia, a empresa comentou a possibilidade de aproveitar a flexibilidade de geração interna de eletricidade e de alterar o portfólio de produtos para lidar com o novo cenário, dependendo do modelo de redução no consumo a ser adotado pelo governo federal.
Para 2015, a Braskem não tem previsão de paradas programadas de manutenção em centrais petroquímicas, o que dará maior flexibilidade à empresa.
A Braskem encerrou o quarto trimestre com alta anual de 17 por cento no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), a 1,359 bilhão de reais.
Forte: Revista Exame 

VENHA FAZER PARTE - PROJETO INGLÊS NO BAIRRO

PROJETO INGLÊS NO BAIRRO

A Associação de Moradores de Porto das Caixas e o Curso Top 10, convidam todos a participarem deste grande projeto que visa a oportunidade de preparar a todos: crianças, jovens e adultos.
A língua inglesa é IMPRESCINDÍVEL nos dias atuais, pois a globalização faz com que se torne algo FUNDAMENTAL. O Inglês é a língua internacional, a língua dos estudos, das viagens, dos negócios, enfim, a língua da COMUNICAÇÃO com todo o MUNDO.

Todos os dias nós convivemos com uma série de palavras em inglês, daí percebemos a IMPORTÂNCIA e a INFLUÊNCIA que exerce sobre a nossa cultura. Veja abaixo alguns exemplos de palavras em Inglês que usamos em nosso cotidiano:

jeans, shopping center, pet shop, lan house, pit stop, pen drive, notebook, laptop, palmtop, internet, web site, windows, word, download, big, delivery, baby, stress, look, fast food, fashion, e-mail, messenger, outdoor, hot dog, milkshake, light, hamburger, drink, happy hour, diet, light, fitness, crazy, show, rock, design.

Venha traga a sua família e amigos.

As aula começam apos o carnaval!!!

Inscrições através dos telefones

98006-9494 (Tim), 97166-9105 (Vivo)


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

PROJETO INGLÊS NO BAIRRO

PROJETO INGLÊS NO BAIRRO

A Associação de Moradores de Porto das Caixas e o Curso Top 10, convidam todos a participarem deste grande projeto que visa a oportunidade de preparar a todos: crianças, jovens e adultos, nesta importante linguagem. Parceria que deu certo, traga a sua família e amigos. 

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98006-9494 (Tim), 97166-9105 (Vivo)

sábado, 14 de fevereiro de 2015

PROJETO INGLÊS NO BAIRRO

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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Crise econômica do Estado do Rio exige mudanças estruturais, alerta especialista


m.jb.com.br

O governo do Estado do Rio de Janeiro passa por uma série crise econômica, que ameaça áreas importantes como Saúde, Educação e Segurança. Entre os motivos apontados, alguns, como a questão do preço do petróleo, são superáveis. A baixa arrecadação de ICMS, contudo, é fruto de uma ausência de infraestrutura, principalmente na periferia metropolitana, que afasta empresários e o aumento da produtividade. Sem uma mudança neste quesito, e ainda uma avaliação da estrutura de gastos, não dá para esperar que o Estado saia de sua trajetória de declínio, iniciada quando deixou de ser a capital do país, em 1960. A análise é do coordenador do Observatório de Estudos sobre o Rio de Janeiro e professor da UFRJ, Mauro Osório.

Só para se ter uma ideia, o estado do Rio estaria devendo R$ 250 milhões a uma das 40 empresas que prestam serviço para o governo. Haveria firma que não recebe há sete meses, de acordo com o Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação. De acordo com o sindicato, se a dívida não for paga, cerca de 30 mil trabalhadores serão demitidos após o Carnaval.

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, anunciou um processo de reequilíbrio financeiro e garantiu que as áreas de Saúde, Educação e Segurança não seriam afetadas. O deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), por sua vez, alertou na Alerj que novos secretários do Estado devem encarar um orçamento já cortado, o que já aconteceria com essas três áreas, e lembrou ainda que a dívida do Rio de Janeiro é superior ao seu orçamentário anual.

Pezão, na semana passada, indicou alguns dos fatores que contribuem para a crise econômica do Estado. A queda do preço do petróleo, que afetou as contas no mundo inteiro, principalmente dos grandes exportadores, tem "impacto relevante" nas contas do estado, já que este é responsável por 80% da produção nacional. O ano que passou também teve uma queda de R$ 2 bilhões na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e também há a previsão de menos R$ 2,2 bilhões em royalties de petróleo.

Na terça-feira (5), na ocasião da posse do novo presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Pezão chegou a pedir que a casa disponha de mais juízes para fazer as execuções fiscais da dívida ativa do estado que, segundo ele, está em R$ 66 bi. “O estado passa por um momento difícil e um dos apelos que eu deixo é para que a gente tenha mais juízes disponíveis para cobrarmos os nossos devedores”, disse. De acordo com o novo presidente do Tribunal de Justiça do Rio, o desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, contudo, não se tratava da melhor via para solucionar o problema.

Segundo Pezão, as secretarias, autarquias e empresas já trabalham para reduzir o consumo de despesas correntes em no mínimo 20%, como de telefonia, consumo de água, energia elétrica, passagens e combustíveis. Contratos com fornecedores também estariam sendo renegociados, para redução de pelo menos 20% no saldo, além de uma queda de 35% em gratificações de encargos especiais de servidores. Pezão garantiu, entretanto, que o programa de pacificação, obras contratadas e concursos já realizados não serão afetados pelo reequilíbrio financeiro do Estado. "Os investimentos da Segurança estão resguardados, assim como os da Saúde e Educação", afirmou.

Na quinta-feira (5), em entrevista à Globo News, reforçou que o orçamento do Estado não foi cortado em nenhuma parte, lembrando que o orçamento ainda nem foi aprovado. Disse que haverá um "contingenciamento preventivo", com gastos feitos à medida em que entrarem recursos, e que a área de Segurança é a que tem maior prioridade.

Para Osório, a situação é bastante grave, já que o mais provável é que o país tenha uma pequena recessão em 2015, levando em conta ajustes fiscais e o caso da Petrobras, que, para ele, "vão ser resolvidos", mas ainda vão causar um período ruim. A questão da água agrava o problema, limitando investimentos de empresários.

Osório lembra que o Estado passou por décadas de decadência e perdeu densidade produtiva. Começa a ter um dinamismo maior, mas em uma fase ainda embrionária. Minas Gerais passou o Rio de Janeiro em arrecadação de ICMS -- até 2004, o Estado era o segundo em receita do imposto, e hoje é o terceiro. A dependência à receita de royalties, então, fica muito grande, e as perspectivas com relação a isto não são muito positivas.

"Independente do preço do petróleo voltar a crescer, tem um outro problema que é um problema estrutural. No pré-sal, a participação do Rio no total da receita de royalties é muito pequena. Quer dizer, vai aumentar muito o bolo, mas a participação percentual do Estado do Rio de Janeiro cai pesadamente. Então, a tendência é ter uma receita de royalties menor, em termos reais. E aí o desafio é como, de fato, a gente procura adensar a estrutura produtiva do Estado do Rio de Janeiro."

O Rio de Janeiro ganhou muitos investimentos, a situação mudou, pondera ele. Só que ainda se tem muita falta de infraestrutura. Em Caxias, exemplifica, há o polo petroquímico e polo gás-químico, mas a indústria de plástico, que mais gera emprego, "quase não foi", porque não tem onde ficar.

"Essa crise da Petrobras é uma crise conjuntural, que ela vai superar e o pré-sal vai em frente. O Rio pode atrair muito a indústria, porque, com a política de conteúdo local, e com o pré-sal, que tem quantidade de produção muito maior, muitas indústrias que ainda não estão no Brasil vão estar, de capital nacional ou multinacional. Agora, o Rio de Janeiro, para atender uma parte dessas empresas, precisa melhorar infraestrutura".

Osório conta o caso de um empresário, que tem uma fábrica no Rio e duas em São Paulo. Há três meses, esse empresário confidenciava ao professor que o Arco Metropolitano melhorou a situação fluminense, só que, onde ele ele estava, em Caxias, faltava energia elétrica toda semana, o sinal de telecomunicações também não agradava. Quando chovia, ele não conseguia nem emitir nota fiscal eletrônica. O empresário, com este quadro, estava pensando em transferir a terceira fábrica para São Paulo.

"A periferia metropolitana é um desastre, 40% das escolas municipais de Caxias não têm cano de água, não é que não tem água, não tem cano. Você não tem uma linha de ônibus regularizada em Itaguaí, você tem municípios na periferia metropolitana que as ruas não tem CEP", alerta.

O mercado de Turismo poderia ajudar também, mas precisaria de maior planejamento. Os municípios que dependem desta atividade no Estado são Paraty, Itatiaia e Búzios. Outros têm um mercado forte, mas não tão importante para suas economia, mostram dados e pesquisas do Observatório de Estudos sobre o Rio de Janeiro. "Você pode ter uma estratégia turística que amplie isso." A Prefeitura do Rio, por exemplo, diz o professor, não tem estratégia turística, tem estratégia de eventos.

O professor também alerta para a composição das despesas do Estado. O gasto per capita com judiciário, legislativo e atividades complementares à justiça (Ministério Público estadual, defensoria) é muito maior do que nos estados de Minas Gerais e São Paulo. É ainda igual ao gasto com educação pública estadual, enquanto em São Paulo é um terço do que se gasta com educação. "Precisa haver uma discussão pública sobre a decomposição da despesa. A gente precisa aprimorar o planejamento."


Os gastos das funções de Legislativo, Judiciário e Essencial à Justiça no Rio em 2013 foram iguais aos de Educação. Em Minas Gerais e São Paulo, os gastos em educação foram maiores que o somatório
"De fato temos uma situação muito complicada, desafios grandes, o Rio tem janelas de oportunidades, mas a gente ainda tem gargalos importantes a resolver", alerta o professor. "O estado do Rio de Janeiro sofreu uma desestruturação muito grande, desde a mudança da capital, e com isso você passou a ter uma máquina pública mais precária, passou a ter uma lógica política particularmente clientelista, as universidades do Rio de Janeiro pouco discutem o Estado, há uma necessidade de renovação."

Como o Rio de Janeiro foi, além de capital, centro cultural do país e centro da logística, principal referência internacional, a tradição não é pensar a região, mas o país e o mundo. Talvez por isso, sugere Osório, é que há um entendimento menor, na sociedade carioca e fluminense, sobre, de fato, quais são os desafios do Estado e qual o tamanho deles.

"Há um ano atrás parecia que o Rio estava uma maravilha, agora não, é um desespero. Isso também é falta de maior densidade de reflexão. Na verdade, melhorou menos do que muitas vezes se dizia". Melhorou, mas menos do que se acreditava, ou se fazia acreditar.

O JB entrou em contato com a Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro para falar sobre a crise econômica do Estado, mas o secretário, Sérgio Ruy Barbosa, que também era o presidente da Comissão de Planejamento Orçamentário e Financeiro do Estado do Risco de Janeiro (Copof), estava de férias e só retornaria após o carnaval. De acordo com a assessoria de imprensa da pasta, nenhum outro porta-voz estaria disponível a falar sobre o assunto. Na mesma semana, o núcleo de imprensa do governo comunicou que o secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio Bueno, iria ocupar a pasta a partir desta sexta-feira (6), acumulando, temporariamente, as funções. "O secretário Sérgio Ruy Barbosa pediu exoneração do cargo por motivos pessoais", dizia a nota.

A secretaria do Planejamento, por sua vez, informou por meio da assessoria de imprensa que quem poderia falar sobre o assunto seria o secretário da Fazenda. A Copof foi criada para acompanhar as medidas de ajustes de 2015, e também é formada pelos secretários da Casa Civil e do Planejamento, e pela procuradora-geral do estado, Lúcia Léa Guimarães Tavares.